Nas últimas décadas o Brasil experimentou importantes transformações estruturais. A economia mais dinâmica do mundo em grande parte do século XX transformou-se em uma economia estagnada ou de baixo crescimento. A participação da indústria no PIB regrediu aos níveis de 1940. Nossa inserção no sistema-mundo voltou a uma posição primário-exportadora. A população se concentrou em grandes cidades, com suas periferias extensas, onde as instituições estatais quase não chegam. Os mecanismos de mobilidade social ascendente foram seriamente erodidos, disseminando a sensação de um futuro opaco para as gerações futuras. A fronteira agrícola foi fechada, com a reprodução, nas "áreas novas", de uma estrutura de propriedade da terra ainda mais concentrada que nas áreas de ocupação secular. São mutações extraordinárias, entre outras, concentradas em curto período e ainda não compreendidas. Estamos em voo cego. O desmonte da Seguridade Social e do mercado formal de trabalho, em curso, agravará este quadro. (...)