A Decolonialidade se configura como um campo político, teórico e metodológico que busca um enfrentamento ao legado do período de colonização na América Latina. Para tal, a abordagem buscava repensar e ao mesmo tempo potencializar as epistemologias dos povos originários das Américas e das populações africanas escravizadas. As categorias Raça e Capital elucidaram os primeiros campos de investigação decolonial, mas com o caminhar dos estudos, timidamente, um movimento de incluir outros marcadores sociais nas discussões teóricas, com ênfase no cis-hetero-patriarcado. É sabido que esta formatação atende aos critérios eurocêntricos de civilidade e o que não se encaixa nessa padronização deve ser compreendido como objeto e com aparato filosófico e religioso tem a sua escravização garantida e o epistemicídio como um caminho natural. Dessa forma, o presente dossiê busca provocar o campo da Decolonialidade, a criar e visibilizar o lugar que a colonialidade do poder, saber e ser destinou às pessoas LGBTQIA+. Pensando em uma perspectiva de Enviadescer (LINN DA QUEBRADA, 2016), mas não apenas ela, essa obra destina- -se às pessoas que tangenciam suas escritas nessas paragens e rossagens decoloniais, despregando paradigmas trazidos pelas caravelas e propagados ainda no cotidiano sob formas atualizadas de preconceitos às existências escapadiças da norma.