A sexualidade constitui um terreno movediço e pode ser abordada de diversas maneiras - em relação às experiências de conjugalidade, ligada à família, à reprodução biológica e a aliança como constitutiva da ordem social, assim com em termos de transgressão, subversão e ressignificação de práticas e valores tidos como naturais e imutáveis. A sexualidade pode ainda ser abordada enquanto dimensão interna aos sujeitos, imbricada num modelo particular de construção da pessoa, como parte da subjetividade e/ou identidade individual e social. Pode-se ainda pensá-la como desejo ou representação, como questão crítica e política, ou, simplesmente, como atividade sexual. Essa pluralidade de possibilidades indica que dificilmente ter-se-ia uma abordagemunívoca da sexualidade. Enquanto domínio portador de sentido, depende de um determinado contexto cultural e historicamente instituído, a sexualidade, mais do que uma entidade universal, constitui-se enquanto unidade ficcional, como algo fabricado, modelado, socialmente construído. Assim, a pluridisciplinaridade e a polissemia apresentam-se enquanto caminhos capazes de articular abordagens situadas em diferentes lugares.