'Eu vejo você' é um conjunto de crônicas em que o autor tenta "conversar comigo mesmo". Segundo Descartes, "posso pensar que tudo o que vejo seja fantasia, contudo, penso, logo existo"; depois, deparei-me com Nietzsche, que "responde" a Descartes: "Como penso, logo existo? ‘Isso’ pensa por si, ‘isso’ é incontrolável...". E realmente é assim: o que temos dentro de todos nós é independente, é algo grande, misterioso, interessante, milenar, e, no entanto, é o que nos define, é o que somos, é o que dita as regras, é o condutor, é o diretor, é o capitão. Então temos que "dialogar" com "isso", temos que tirá-lo da sombra, temos que "apresentá-lo em público", temos e precisamos urgentemente da comunhão, pois o caminho que se está seguindo leva a passos largos para o precipício. Precisamos nos entender e todas as crônicas desta obra, contadas de maneiras diferentes, são uma tentativa de se buscar esse nosso irmão que está há tanto tempo escondido e que precisa de ar, precisa sair, precisa ser revelado.