EUDISSEIA

"Em 'Eudisseia', Eduardo Alves da Costa empreende uma jornada poética ao lado de Homero, revisitando mitos e questionando a condição humana. Com linguagem que oscila entre o lírico e o irônico, o autor tece críticas sociais e filosóficas, convidando o leitor a refletir sobre a vida, a arte e a eternidade."

Eudisseia é uma travessia, uma viagem de autoconhecimento e superação. Visitado por Homero, o autor — poeta já na velhice — é instado a escrever um poema a partir de alguns acontecimentos de sua vida. Relutante no início, por não enxergar em sua existência nada que justifique tal empreitada, acaba por aceitar os argumentos de Homero. Não se trata de compor uma epopeia, mas sim uma odisseia: uma viagem repleta de aventuras, cujo personagem será o "Eu" do autor, em busca de um sentido, da compreensão de seu mundo e de sua própria vida. Daí o título do poema, Eudisseia, sugerido por Homero, uma vez que o "Eu" de cada ser humano é o seu "Eudisseu".

Liberto das limitações do Tempo e do Espaço pelo deus Crono, que lhe concede acesso a universos paralelos, o autor — transportado pelos ares, transformado em gigante ou reduzido à mais ínfima condição — não apenas revive momentos traumatizantes, como os provocados por preconceito, espancamentos, a morte de um filho e a da mãe por artes de magia, mas também participa de cenas chocantes ligadas à escravatura, à Inquisição, à morte dos templários, à execução dos albigenses (queimados vivos em praça pública), ao Pogrom de Lisboa, aos campos de trabalho soviéticos e ao extermínio dos judeus pelo nazismo.

Escrito numa linguagem que une o coloquial ao erudito, abordando, além do real, o irracional, o inverossímil e o impossível — conforme o ensinamento de Aristóteles em sua Poética —, Eudisseia confirma a relevância da obra de Eduardo Alves da Costa, um dos poetas brasileiros contemporâneos mais criativos e originais.