Fruto de um mal-estar e de toda a ruminação metafísica que o acompanha, Felix Culpa é uma obra que remete ao sentimento universalmente oblíquo que assola a contemporaneidade. Em um mundo no qual a razão já perdeu seu papel norteador e a iconoclastia de um modernismo vanguardista já consumiu grande parte da madeira de seu palito de fósforo, a liquidez da incerteza do cotidiano consome gradualmente qualquer cosmologia e lança o homem rumo ao nada. Diante do bombardeamento de transgressões e da saturação do niilismo, o indivíduo contemporâneo navega sem sentido pela realidade e Felix Culpa busca refletir os esforços desse indivíduo na busca por um sedutor ponto que preencha o vazio. (Félix Culpa descreve muito bem questões que o autor explora em todo o volume. Victor Castanho demonstra um belo repertório literário, apresentando seu paideuma próprio. Seus versos não são rigorosos nem simplistas, porém em momento algum enfadonhos. A leitura é ágil e fluente. O fato de emular estilos de mestres não anula a assinatura própria). Outono 2021ISBN: 978-65-86526-59-2136 pág.