FILOSOFIA POLITICA NOVA SERIE - VOL. 5

O debate sobre a pena de morte tem sido freqüentemente colocado em termos equívocos. Ele tem aparecido como se fosse um debate entre "direita" e "esquerda", entre "civilizados" e "bárbaros", entre "humanistas" e "não-humanistas". Os próprios termos empregados já mostram a "ideologização" da discussão, onde em vez de termos um esclarecimento do problema já qualificamos o adversário, como se a sua adjetivação fosse de natureza a resolver a questão. Não seria, com efeito, simples dizer que os partidários da pena de morte são de "direita", "bárbaros" e "não-humanistas"? Mas será que assim avançamos na discussão? Seria, pelo menos, duvidoso. Isto seria mais ou menos o equivalente a dizer que pensadores como Hobbes, Kant, Hegel, Stuart Mill foram de "direita", "bárbaros" e "não-humanistas". Alguém se atreveria?

Eis por que esse número da Revista de Filosofia Política pretende ser uma contribuição a um debate desapaixonado, próprio de pessoas que aceitam a esgrima da razão como um meio deresolução de questões controversas.