"Nenhuma das correntes políticas que tentaram desafiar o capitalismo neste século tem força ou abrangência hoje" (Perry Anderson, New Left Review) 'O FIM DA UTOPIA', de Russell Jacoby, traz uma aguçada análise crítica do que aconteceu com as correntes liberais e de esquerda, com a morte dos ideais utópicos que lastreavam essas tendências políticas. Já em Os últimos intelectuais, também publicado no Brasil, Jacoby foi pioneiro ao denunciar o fim do intelectual público, substituído pela figura do professor universitário, que fala sempre para a sua pequena audiência acadêmica, pautado por orçamentos e solicitações de verbas. Deflagrou uma polêmica acalorada nos Estados Unidos. Historiador e crítico social, Jacoby lança um olhar realista para o que o futuro reserva à ação política - e o que vê não parece nada animador. Ao fazer o balanço das últimas quatro décadas de pensamento social, analisa o trabalho de Daniel Bell, C. Wright Mills, Chritopher Lasch e Francis Fukuyama e constata: a utopia - motor das mudanças sociais e políticas - tornou-se obsoleta. Mas, ao contrário deles, não comemora o duplo triunfo do realismo e do pragmatismo. Ele afirma que a obsolescência das utopias não decorre de um consenso, mas do esgotamento das alternativas políticas. O mal-estar e a falta de uma visão do futuro têm paralisado a esquerda liberal de tal modo que os intelectuais e críticos já não se mostram capazes de imaginar uma sociedade diferente, apenas modificada. O livre mercado, antes visto como algo degradante, passou a ser considerado racional. A cultura de massa, antes desprezada pela academia por ser conformista, é hoje festejada como manifestação de rebeldia. Russel Jacoby destaca o abandono dos ideais utópicos que serviam de esteio à dissidência e aos movimentos da transformação social e exorta críticos e escritores a resgatar a densidade e o caráter visionário que escasseiam na cena intelectual.