Ainda moleque, o futuro cineasta gaúcho Geraldo Moraes perdeu o sono com a exibição de O que a Carne Herda (Pinky), de Elia Kazan, em um cinema de Porto Alegre. Desde aquele momento, sua vida e o cinema se tornaram indissociáveis. Moraes passou por alguns dos momentos mais importantes da história brasileira, tais como a Ditadura Militar e a redemocratização, sempre engajado política e culturalmente. Estava no exército quando Leonel Brizola garantiu a posse de João Goulart. Participou do movimento estudantil, chegando à vice-presidência da UNE. Ai, em um período de grande efervescência cultural, criou, na Universidade de Brasília, o Centro de Produção Cultural e Educativa (CPCE), de onde sairia parte da nova geração de cineastas brasileiros. Mais recentemente, participou da regulamentação da Lei do Audiovisual e da implementação do Programa Resgate. O que salta aos olhos durante a leitura de O Cineasta do Interior é a maneira como a trajetória de Moraes está intimamente ligada à formação do cinema brasileiro contemporâneo.