HIPOCONDRIACOS, OS - VIDAS ATORMENTADAS

O pianista canadense Glenn Gould, cujas variações de Bach foram um marco na música do século XX, tinha tanto medo de contrair alguma doença que fazia suas apresentações envolto em múltiplas camadas de roupa, inclusive luvas e cachecol. Houve quem o confundisse com um mendigo. Já o jurista alemão Daniel Paul Schreber esteve, durante certo tempo de sua vida, muito convencido de que “homenzinhos” invadiram seu corpo e trabalhavam duro para destruir
sua medula. Ao que tudo indica, as doenças respiratórias do escritor francês Marcel Proust eram reais; excêntrica era a sua forma de tratá-las, isolado num quarto empoeirado do Boulevard Haussmann, à base de um ou dois croissants diários. Gould, Schreber e Proust são apenas alguns exemplos de célebres hipocondríacos. O jornalista irlandês Brian Dillon – ele próprio conhecido por sua proximidade pessoal com o tema da hipocondria – selecionou dez dessas figuras históricas para compor Os hipocondríacos – Vidas atormentadas, um livro aclamado em diversos países, por retratar, de forma sensível, abrangente e bem-humorada as agruras de quem vive angustiado com a sua própria saúde. Aos três personagens descritos acima, somaram-se o advogado e biógrafo escocês James Boswell; a escritora inglesa Charlotte Brontë; o naturalista britânico Charles Darwin; a enfermeira italiana Florence Nightingale, que fez importantes estudos de estatística; a americana Alice James, irmã do filósofo William James e do romancista Henry James; o artista americano Andy Warhol, que revolucionou a pop art; e o cantor Michael Jackson, o Rei do Pop.