Ao escutar Sofia, tive a impressão de que ela poderia estar vivenciando o meu silêncio como uma indiferença minha em relação aos sentimentos dela. Ela poderia estar me experimentando, naquele momento, como uma mãe superficial e fria pois eu estava vendo que ela estava angustiada e ofegante e sequer tive o interesse de perguntar o que havia acontecido, o que ela estava sentindo. Em vez disso, preferi analisá-la com toda frieza e receitar a ela um silêncio vazio e gélido. Pude dizer isso a Sofia e ela me disse que ficou mesmo um pouco desapontada com a minha conduta porque ela esperava que, diante do atraso de vinte minutos, eu tivesse um mínimo de interesse e lhe perguntasse o que havia acontecido. Foi a partir dessa experiência que esboceiminha primeira imagem sobre a possível relação de Sofia com a figura materna. Assim, comecei a relacionar a queixa da paciente - referente às dificuldades sexuais que ela está vivendo atualmente - com a hipótese da ocorrência de uma possível perturbação na relação inicial de Sofia com sua mãe.