"Em uma tarde quente do verão carioca, de 1980, uma professora iniciava o seu curso de História Agrária. Nos primeiros minutos da aula, ela reproduzia uma conversa, ocorrida na China dos anos de 1940, entre Mao tsé-tung e um "líder da esquerda espanhola". A conversa tinha, mais ou menos, o seguinte enredo: "Você nasceu em que lugar da Espanha? O jovem líder respondeu que era de uma pequena aldeia do interior. Diante da resposta, Mao continuou com outras perguntas: "Quantas pessoas vivem na sua aldeia?" Como é a distribuição da propriedade de terras em sua vila?" Qual é a principal atividade econômica da região?" Quantos bois existem por lá? O "líder da esquerda espanhola" não sabia responder a nenhuma das indagações de Mao. Frente a este desconhecimento, Mao tsé-tung aconselhou o camarada europeu a voltar para o seu país e contar o número de pessoas e de bois de sua aldeia. E, ainda, que somente depois disto voltasse à China para conversar sobre os caminhos da revolução comunista na Espanha. (...) A professora, no caso, é Maria Yedda Leite Linhares, e o local onde ela expunha estas idéias podia ser o programa de pós-graduação do CPDA/UFRRJ, da UFF ou da UFRJ. (...) Esta coletânea tem por objetivo homenagear e agradecer a uma professora que formou três gerações de profissionais de História. Maria Yedda Linhares é uma das mestras na profissionalização do ofício de historiador no Brasil, cabendo a ela um papel decisivo na criação da jovem historiografia brasileira."