HISTORIAS HISTERICAS

Em 'Histórias histéricas', Elaine Showalter conta a história médica da histeria, do século XVII aos anos 90, tendo os conceitos de Charcot, Freud e Lacan como base. Em seguida, traça a trajetória cultural desta psicopatia na literatura, no cinema e no teatro, dos romances de Flaubert e peças de Ibsen à Internet.
Dentre os casos relatados pela autora, alguns dos mais interessantes são referentes a vítimas da síndrome da Guerra do Golfo. Assim que os primeiros soldados americanos retornaram do Golfo Pérsico, em 1990, a imprensa começou a falar sobre os sintomas físicos e psicológicos apresentados pelos veteranos do combate. Quanto mais a mídia explorava o assunto, mais gente aparecia se dizendo vítima da síndrome. Pessoas que nunca estiveram no combate e que, portanto, não poderiam ter sido afetadas. Só que todas apontavam um sintoma mais absurdo que o outro. Donas-de-casa com a certeza de terem adquirido a doença através do contato com cães, por exemplo. Ou homens que nunca saíram da América que juravam ter encolhido por causa da guerra. A histeria chegou ao ponto de grandes grupos percorrerem os EUA em investigações supostamente secretas, a fim de justificar suas teorias conspiratórias infundadas, que se espalham para o resto do mundo e contaminam outros países e culturas.