HUMANO INTERSTICIO - INTERSTICIO HUMANO

Interstício Humano é uma série de poemas notáveis dirigidos por um pai a seu filho, filho ainda não dado à luz e interpelado enquanto permanece no intervalo entre concepção e nascimento. Um dos efeitos dos poemas, na medida que se seguem uns aos outros, é a impressão de que o filho está sendo criado, palavra por palavra: criado, formado, situado, instruído. As palavras poéticas, que são também palavras de amor, chamavam atenção a si mesmas desde o princípio: Labios dicen hijo / por la boca del amor... Mas, ao mesmo tempo, há um efeito de movimento não-linear de ida e volta: a palabra paternidad é também a palabra que va y vuelve va y vuelve. Palavras, metáforas, imagens retornam em formações que se alteram e se ampliam, em distintos registros da linguagem – falada, lírica, científica – que destacam e realçam umas às outras em contraste dinâmico. Num momento dramático há um movimento repentino a um tempo antes do crescimento intra-uterino, antes de qualquer crescimento, ao espaço cósmico do vazio como matriz de toda criação, jogando assim as energias da vida e da poesia no mais amplo contexto de interação.