A proposta de Marisa, como psicanalista, segue pela procura dos indícios da essência das coisas na realidade psíquica do criador Montale - naquilo que ela chama de estado de mente poético – para passar depois a reconhecê-los nos poemas e analisa-los de acordo com a psicanálise atual, de Wilfred Bion e Donald Meltzer, principalmente, que situam no centro da experiência humana a emoção, a ser transformado em formas simbólicas – meio pelo qual as emoções se tornam acessíveis ao pensamento – através do processo contínuo da vida mental denominado hoje processo onírico , e consideram a influência das artes fundamental para promover a originalidade do pensamento e da observação psicanalítica. Na relação entre os objetos de Montale já transfigurados em objetos internos - conteúdos mentais com uma concretude que as imagens não têm – e o poeta, em quem ocorrem a consciência e o ato da vontade, é que se instaura o poema. Descrito pelo próprio Montale, este processo tem outros nomes; o Eu-individual (efêmero e fenomênico) e o Eu-transcendental (a luz que nos leva à experiência artística) que constituem os dois sentidos do real, o imediato e o mediato, a alegoria e o símbolo, que, reunidos e transformados um no outro pelo trabalho/talento do poeta, darão origem ao objeto artístico. Essa criação passaria, então, pela transformação de seu processo onírico em processo poético.