Afinal, o que é realidade e o que é mito quando se fala de InteligênciaArtificial (IA)? Em que medida os sistemas baseados em IA representam uma conquista importante do desenvolvimento científico e tecnológico para a solução de problemas reais da humanidade e quais as distorções que já podem ser detectadas na aplicação desses sistemas, em que situações e como podem ser barradas e/ou corrigidas? Como a análise das assimetrias internacionais e as diferenças de classe podem apoiar uma compreensão mais profunda do desenvolvimento e uso da chamada IA?Ao reforçar e ampliar estruturas de poder, a IA se tornou elemento crucial do cenário geopolítico global. Quais os caminhos e disputas pela liderança mundial dessa tecnologia, principalmente entre os EstadosUnidos e a China?O objetivo desta coletânea Inteligência Artificial, Sociedade e Classe, a terceira produzida pelo grupo de pesquisadores do LabLivre/UFABC(Laboratório de Tecnologias Livres da Universidade Federal do ABC), é trazer aspectos fundamentais para a compreensão da Inteligência Artificial realmente existente. Indo além da superficialidade do marketing, a IA e suas implicações sociais são apresentadas e problematizadas. Aqui são criticamente debatidas as possibilidades, riscos e vieses (de raça, gênero, classe, preferências religiosas e mesmo políticas) derivados da for-8 Inteligência Artificial, sociedade e classema como os dados e algoritmos são criados, treinados, parametrizados, utilizados e gerenciados.As reflexões contidas nos capítulos que compõem esta publicação partem do entendimento de que os sistemas apoiados em IA têm aplicações importantes para soluções de problemas nas mais diferentes áreas do conhecimento. Não s e trata, pois, de demonizar a Inteligência Artificial. Mas é importante reconhecer, como ponto de partida, que os sistemas de IA têm como objetivo aumentar a produtividade dos segmentos onde são aplicados. O capitalismo sempre apostou na redução máxima do custo do trabalho, ou seja, no encolhimento do capital variável na composição orgânica do capital. Por isso, esse livro se propõem a discutir a IA também pela perspectiva de classe.