No mundo do capital, nos centros fantasmagóricos dessa deformação da vida, sentimos, sabemos que a cultura, a arte, a literatura, a poesia são impotentes e imediatamente devorados, assimilados e dissolvidos (na expressão que nada diz, nos campos de extermínio, nas escolas, nos vazios meios de comunicação, na erudição que nada descobriu ou inventou), principalmente quando inicia em suportes de crença, em memorialismos, sociologismos e realismos (isso que muda sem nem chegar a ser, só parecendo ser: irreal sem crítica), mas a cultura é nossa única resposta ao terror de um mundo predador que já nos prendeu: nos cabe invadir, criar, propor aos poucos uma cultura que sobreviva ao monstruoso mercado-labirinto-abatedouro da normose (benjaminiana/adorniana) da nossa tribo que tudo devora, tudo evaporou, que não afunde na moda, no eu vazio, na língua que ainda é a do colonizador e nos esmaga, nos costumes, nos dias que afundam sem lutar. (...)