IRMÃS DO ATLÂNTICO

Historiadora confirmada na programação oficial da Flip, Ynaê Lopes dos Santos estreia na Editora Civilização Brasileira com Irmãs do Atlântico.


 

Em Irmãs do Atlântico, Ynaê Lopes dos Santos traça uma aproximação inédita entre Rio de Janeiro e Havana, duas cidades que compartilham semelhanças muito além do litoral banhado pelo mesmo oceano. Conduzidos por uma pesquisa documental primorosa e uma análise histórica sofisticada, assimilamos a opção da autora de se afastar do conceito de escravidão urbana para, em seu lugar, introduzir o de cidade escravista.

O resultado é uma imersão na história da formação de dois centros urbanos que praticamente se tornaram sinônimo de América Latina: Rio de Janeiro e Cuba. Esta é uma obra fundamental para entendermos como nasceram as diferenças raciais e sociais que marcam ambas as sociedades até hoje, e quais disputas estruturaram as cidades irmãs.

Flávio dos Santos Gomes, professor na UFRJ e coautor da Enciclopédia negra, pontua em seu texto de apresentação que: “Fugindo das armadilhas de uma suposta história nacional da escravidão para esta ou aquela  região colonial, mas mirando contextos atlânticos, este estudo explora possibilidades outras para o entendimento da escravidão nas Américas. Vislumbram-se faces de cidades negras, entre o final do século XVIII e a primeira metade oitocentista. Emergem originais cativeiros urbanos, fundamentais no refundar dos espaços pós-coloniais de Brasil e Cuba.”

Para Jaime Rodrigues –, professor na Unifest e autor de De costa a costa –, que assina o texto de orelha, “Ynaê Lopes dos Santos nos guia no debate sobre a escravidão urbana e sua dinâmica […]. A historiadora construiu um diálogo sofisticado, [e] fez ainda mais: problematizou os conceitos de ‘escravidão’ e ‘cidade’ no Novo Mundo […]; mobilizou a noção de ‘segunda escravidão’ sem deixar de lado a perspectiva dos escravizados […]; aprofundou nosso conhecimento sobre a escravidão urbana racializada em dois importantes centros, inclusive para nos fazer compreender melhor o próprio Atlântico como espaço histórico.”