KIERKEGAARD E HEGEL

Victor Fernandes assumiu o desafio de mostrar que, se a visão tradicional do grande Thulstrup era demasiado limitada e parcial, também o trabalho de Stewart peca pela ausência de polêmica. Alimentadas diretamente pelas contribuições de Trendelenburg, as críticas de Kierkegaard à Ciência da Lógica de Hegel extravasam necessariamente as fronteiras municipais e nacionais, e ocorrem no terreno sólido da lógica argumentativa. Victor não pretende decidir, em seu mestrado, é claro, quem teria razão, se Hegel ou Kierkegaard, se Thulstrup ou Stewart, mas o que ele mostra é que o debate se deu no nível das melhores argumentações acadêmicas. De modo que o Pós-escrito de 1846, com seu título ao mesmo tempo modesto (Pós-escrito às Migalhas) e um tanto quanto bizarro, contém farto material de discussão filosófica de nível profundo e atual. E Victor o demonstra de modo extremamente acadêmico e com grande clareza, racionalidade e sistematicidade. Comprovando que tais qualidades são muito bem-vindas na pesquisa brasileira sobre Kierkegaard. Alvaro Valls