LUZ SELVAGEM

Romance em prosa poética, Luz Selvagem é uma “história afetiva” de Ângela, mulher sem identidade, nacionalidade ou qualquer outra referência e que, dessa forma, torna-se o arquétipo de todas as mulheres, refletindo os sonhos e angústias femininas na sociedade contemporânea.

Ao contrário dos romances convencionais, que se desenrolam pela narrativa, Luz Selvagem é uma novela sem fatos. A sucessão de acontecimentos ocorre no mundo interior de Ângela, onde estão as coisas invisíveis. É o mundo afetivo feminino, onde se encontra a verdadeira vida, na qual o importante não é o que acontece, ou com quem acontece, mas a essência do que acontece: o campo emocional e afetivo puro.

Para Ângela, não há objetivos a atingir, mas o “grito do pássaro quando se lança às nuvens”. Há um jardineiro com quem ela tem um romance: o homem também arquetípico, que, para ela, está mais na sua imaginação que na vida real.

Com esse perfil, D’ Angieri faz um retrato abstrato da mulher, onde a verdade e o sentido da vida estão num universo paralelo, sem necessária relação com o mundo exterior, objetivo, para o qual acreditamos olhar.

Tece “uma vida interior do cotidiano”, capítulo novo na literatura feminina, em que são subvertidos os cânones da escrita, onde o valor não está no concreto, mas no sentido. Luz Selvagem faz ver não apenas o que as mulheres têm a dizer sobre o amor e o mundo que as cerca, como sobretudo elas veem o mundo; e revela o que, para elas, de fato importa.

Esta é a essência da energia vital, que produz todas as vidas: a Luz Selvagem sobre a qual ela lança, também, sua luz.