A Entrega Voluntária de Bebês para Adoção é um direito das gestantes garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. O ato de fazer a entrega do recém-nascido para a adoção faz com que as mulheres sofram preconceito, calúnia, difamação e ostracismo por toda a sociedade, além dos graves dramas pessoais que tal decisão acarreta.
O presente livro é resultado da tese intitulada “A voz das mães que entregam o bebê em adoção”, do Programa de Pós-Graduação – Mestrado e Doutorado em Psicologia, da Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande – MS. O objetivo deste livro é apresentar, descrever e analisar os processos vivenciados pelas gestantes que decidem entregar seu recém-nascido, ou seja, como foram suas vivências nesse processo de decidir não ficar com o seu filho. O estudo baseou-se na Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano com o delineamento de investigação de multimétodos. A coleta de dados da pesquisa foi realizada através da Inserção Ecológica e, para isso, foram utilizados: observação naturalística, análise documental, entrevista, transcrição de vídeos de audiências e diário de campo. Na parte quantitativa dos resultados, utilizou-se a estatística descritiva e inferencial para analisar o perfil sociodemográfico das mães que procuram a Vara da Infância, Juventude e Idoso de Campo Grande (MS), mais especificamente no Projeto “Dar à Luz”. Na análise qualitativa, foram usadas técnicas lexicográficas, nuvem de palavras, árvore de similitude e análise de conteúdo.
Os resultados demonstram que as mães doadoras têm em média a idade de 27 anos, não têm companheiro, possuem filhos, sem renda, alocadas no trabalho doméstico e/ou em ocupações sem qualificação. Apontam as dificuldades financeiras como motivo principal para a entrega. Retratam muita pressão vivenciada nesse período e o quanto necessitam ter disposição e força para o enfrentamento da situação. O processo de entrega é caracterizado por restrita rede de apoio à gestante, veem-se solitárias na taref