Tudo permanece no mesmo lugar: as ruas, a praça, a ponte, mas, como é óbvio, o tempo deixou seu rastro de transformação, e, após tantas décadas, Mafra é uma velha cidade nova, integrada no ritmo do século XXI. As novas gerações se surpreendem com o estilo de vida suportado por seus ancestrais, numa época em que a máquina – a não ser a de costura – ainda não se integrara à rotina e a eletrônica estava a um século de distância. A vida era forjada na capacidade dos braços de homens e mulheres vindos de longe, unidos pelo mesmo sonho de construir e prosperar. Estas páginas pretendem informar – embora em breve sinopse – sobre a vida dos que, no passado, estabeleceram as bases da moderna cidade de Mafra. Os personagens que nelas se movimentam são reais e servem para ilustrar as dificuldades de uma época de pouco desenvolvimento, num tempo de diversidade de culturas, variedade de idiomas e de grandes necessidades; tempo de legumes vendidos de porta em porta, da matança da criação de animais domésticos, dos aventais bordados e das tropas de bois nas ruas. Tempo de carroças, de galhotas e charretes. Mas, sobretudo, um tempo de integração. Esta obra pretende, também, ser um convite à reflexão sobre a transitoriedade das verdades e condicionamentos de cada época, e sobre a capacidade humana de ultrapassar barreiras determinantes aos limites, no exercício da vida. Alguns dos personagens deste livro – embora com presença fugaz – têm seus nomes perpetuados em ruas de Mafra, cidadãos que contribuíram, de maneira destacada, para o desenvolvimento da cidade, em diversas áreas de atividade. Em nenhum momento houve a pretensão de escrever biografias, mas, apenas, a informação sobre velhas rotinas e costumes de um tempo em que a vida apresentava contornos bem diferentes, e muitos nomes, aqui, coincidem com o de pessoas reais, sem apresentarem exatamente as mesmas individualidades.