Há séculos está sendo pregado que o deus-trabalho precisaria ser adorado porque as necessidades não poderiam ser satisfeitas sozinhas, isto é, sem o suor da contribuição humana. E o fim de todo este empreendimento de trabalho seria a satisfação de necessidades. Se isto fosse verdade, a crítica ao trabalho teria tanto sentido quanto a crítica da lei da gravidade. Pois, como uma "lei natural" efetivamente real pode entrar em crise ou desaparecer? Os oradores do campo de trabalho social - da socialite engolidora de caviar, neoliberal e maníaca por eficiência até o sindicalista barriga-de-chope - ficam em maus lençóis com a sua pseudo-natureza do trabalho. Afinal, como eles querem nos explicar que hoje três quartos da humanidade estejam afundando no estado de calamidade e miséria somente porque o sistema social de trabalho não precisa mais de seu trabalho?" Num mundo ainda atordoado pela queda do Muro de Berlim, no momento em que todas as mídias decretavam com seus "sábios" de momento o "fim das ideologias", uma "nova ordem" ou "a vitória do capitalismo", um grupo levantou sua voz. Uma crítica na contracorrente, o Grupo Krisis apresenta seu manifesto de resgate da radicalidade. Hoje, após o fracasso dos planos de ajuste neoliberais no mundo, com multidões da Argentina à Venezuela se levantando para dizer não a esses sistemas econômicos. Numa situação marcada ainda pelo fatos do 11 de setembro e pela continuidade da guerra de longa duração iniciada no Afeganistão. E que agora pelo interesse das multinacionais do petróleo e das bolsas de valores que querem as riquezas do Iraque e os preparativos para uma nova guerra. E contra ela milhões se levantam em todos os continentes. Ao resgatar a mais viva e profunda contraposição ao culto do "deus-trabalho" o 'Manifesto Contra o Trabalho' leva ao debate e à prática a tradição crítica e emancipatória daqueles que gerações antes se dispunham a "assaltar os ceús".