Em 'Um operário do filme', a historiadora Sheila Schvarzman discorre sobre como Alice, formado pelo mítico alemão Oswald Hafenrichter, buscou a criação de um estilo de montagem não apenas propriamente brasileiro, mas seu. Colaborador de cineastas como Mazzaropi, Walter Hugo Khouri, Anselmo Duarte, Denoy de Oliveira, José Zaragoza, Sérgio Bianchi e Hector Babenco, ele desenvolveu uma técnica acurada e sofisticada. O depoimento de Mauro Alice possibilita uma visão panorâmica dos dissabores sofridos pelos profissionais brasileiros de cinema. Além disso, demonstra em que medida as inovações tecnológicas e o uso irrefletido que alguns fazem delas afetaram e continuam a afetar um profissional que descreve a si mesmo como 'um decrépito, porque eu não monto o filme como se fosse uma marchinha cadenciada'. O trabalho de Schvarzman mostra Mauro Alice como um profissional que se coloca a serviço de cada filme que monta, de cada cineasta com quem trabalha.