É possível uma regressão ao momento do próprio nascimento? Depois de fazer experiências com mais de 4 mil pacientes, o psiquiatra Stanislav Grof, considerado o papa da psicologia transpessoal, descobriu que sim. Em 'A mente holotrópica', Grof mostra que, através de estados alterados da consciência -alcançados inicialmente com o LSD e atualmente com técnicas de hiperventilação - o ser humano pode alcançar reinos da psique jamais suspeitados pela psicologia tradicional. Para mapeá-los, Grof traça um painel em que se visualizam os três níveis de consciência humana: biográfico, perinatal e transpessoal. Segundo ele, a totalidade de nossa história pessoal do pré-natal ao momento presente, pode ser trazida à mente e ser vivenciada outra vez. Para o autor, o trauma do nascimento é o acontecimento mais significativo em nossas vidas, e a impressão que nos causa tem o poder de predeterminar, como um molde de que não se escapa, a vida da pessoa. Mas não são apenas experiências perinatais as que se tem acesso durante os estados alterados da consciência - que Grof prefere chamar de "não comuns" para diferenciar do jargão esotérico. Além de vivenciar momentos importantes de sua biografia, o indivíduo tem acesso a experiências arquetípicas, identificando-se com figuras mitológicas, animais, plantas e até objetos do reino mineral. Ou então, esbarra com lembranças coletivas tão fortemente personalizadas que se assemelham a experiências de vidas passadas. São as chamadas experiências transpessoais, porque transcendem o ego encapsulado e abrem o indivíduo para o mundo espiritual, resultando numa profunda mudança de valores.