Depois do sucesso da literatura feminina conhecida como chick lit, protagonizada por jovens mulheres - e seus elegantíssimos pares de sapato Manolo Blahnick - em busca de um lugar ao sol e de alguém com quem dividir os sonhos, o mercado literário agora começa e explorar outro tipo de literatura contemporânea voltada para o público feminino: a lady lit. As tramas continuam repletas de humor, sofisticação e vivacidade, mas as protagonistas da lady lit, como a própria tradução das palavras sugere (literatura de madame), já passaram dos 50 anos e têm muito mais histórias para contar. Assim que foi lançado nos Estados Unidos, 'Meu pescoço é um horror' assumiu o primeiro lugar na lista dos mais vendidos do jornal New York Times, e há mais de cinco meses continua no páreo, concorrendo com pesos-pesados.Com um texto delicioso, confessional, Nora Ephron fala sobre tudo que as mulheres não cansam de discutir: homens, culinária, moda, manutenção (tinturas de cabelo, depilação, cirurgias plásticas e tratamentos antiidade), vista cansada, maternidade e morte, mas com o olhar sofisticado de uma diretora de cinema nova-iorquina acostumada a encontrar graça até nas menores coisas. É dela o roteiro de 'Harry & Sally - feitos um para o outro', considerada por público e crítica a melhor comédia-romântica de todos os tempos, e que foi diretamente responsável pela revitalização do gênero. A impressão que se tem, quando se termina de ler o livro, é que fomos convidados a conviver com a perspicaz Nora em seu dia-a-dia. Graças ao bom humor e às tiradas sarcásticas da escritora, saímos desta viagem com a sensação de que aprendemos um pouco mais sobre como viver a vida. Ela escreve para quem, assim como ela, também não concorda que envelhecer é o máximo, mas que, sem sombra de dúvida, sabe que esta opção ganha de um pescoço de vantagem da outra.