Uma educação linguística crítica, de modo geral, nos encontra e confronta naquilo que, inseridas(os) em um mundo injusto e violento, vivenciamos em nossas histórias e relações: assim, tudo em e entre nós se torna relevante para ensinar, aprender e se envolver com novas línguas. É nesse sentido que, nesta obra, Dione Uester Costa Silva discute e ressignifica envelhecimento, velhar e velhofobia em um contexto de formação de professoras(es) de inglês. Em tempos em que o paradigma da produtividade impera e o mercado rege nossas relações sócio-afetivas; em tempos em que ser uma pessoa ativa se restringe a manter atividades rentáveis dentro de um paradigma de “progresso”; em tempos em que ser jovem é representar um sentido único de beleza, vigor e atividade; em tempos pandêmicos de necropolítica em que nossas idades podem nos tornar “grupo de risco”, a obra de Dione, decolonialmente, rompe com lógicas que naturalizam práticas sociais de preconceito e exclusão etária. Trata-se de uma vivência sensível de formação de professoras(es), que questiona compreensões estereotipadas do envelhecer, expandindo nossos sentidos de educação linguística para a vida social. Se você, assim como Dione, se preocupa com a promoção de espaços onde rugas, cabelos brancos, voz e olhos cansados sejam aceitos, valorizados e (por que não?) desejáveis pela riqueza de sua sabedoria e experiência, rompendo com normas de produtividade e padronização que extinguem existências plurais, recomendo a discussão desta obra. Certamente, ela provocará (re)leituras e críticas sobre quem somos e quem nos tornamos, sobre “a experiência que cada um(a) tem com essa palavra, com a palavra velho”. Mariana Mastrella-de-Andrade - Universidade de Brasília