NA AUSENCIA DOS HOMENS

Na Paris de 1916, assombrada pela I Guerra Mundial, o jovem aristocrata Vincent de L’Étoile, de 16 anos, vive o magnífico verão da descoberta de sua sexualidade, sem moral e sem medo. Cercado de mulheres a mimá-lo, é pelos poucos homens disponíveis que ele se interessa. Seu primeiro amante é Arthur Vales, soldado de 21 anos que está de folga dos combates por uma semana, filho da mulher que trabalha para sua família há mais de 20 anos. Ao longo desses breves sete dias, as noites de Vincent são de Arthur, mas suas tardes são de Marcel Proust, célebre escritor de 45 anos cujo gosto por rapazes é comentado à boca miúda. Assim começa 'Na ausência dos homens', romance de estréia do autor francês Philippe Besson. Com Marcel, Vincent desenvolve uma amizade construída rapidamente sobre um pilar de pura sedução, um excitante jogo sensual e intelectual em que o adolescente e o homem maduro se provocam mutuamente à espera que o outro dê o primeiro passo. Já de Arthur, Vincent deseja apenas a carne, os músculos talhados na guerra, o frenesi urgente de quem sabe que pode estar morto numa trincheira dentro de poucos dias e a excitação de estar se entregando ao filho da empregada. Os dois homens de Vincent não sabem da existência um do outro. Aofim daquela semana, no entanto, Vincent se vê sozinho, pois é chegada a hora de Arthur voltar ao front e Marcel precisa se ausentar para resolver seus negócios. É quando começa a segunda parte do romance, toda composta pela troca de cartas entre Vincent e seus dois amores. É nessa correspondência que o adolescente se dá conta da importância que Arthur e Marcel têm em sua vida. A ausência daqueles dois homens o faz amadurecer rapidamente, deixando para trás o inconseqüente jogo de sedução de outrora. Em sua saudade desesperadora, Vincent finda por fazer com que os apaixonados Arthur e Marcel saibam que compartilharam de seu amor e suas fantasias em porções iguais. E a troca de correspondências acaba tendo um encerramento trágico.