O poeta não pode queimar os livros anteriores a ele ¿ pode, quando muito, arrancar páginas, apagar pistas, mas faça o que fizer, sua poesia ecoará a cultura que a desenvolveu; atento a isso, benoni a explicita e a distende, aqui, ao máximo, mas não somente ela, há uma língua e uma linguagem de experimentação correndo por fora, uma vez que intensos enlaces de memória e dispersão querem reaproximar a todos de sutilezas perdidas, de um cotidiano que a cidade não mais comporta e oferece. neste livro, o poeta almeja a desintoxicação do poema, tocar-nos com a potência de uma escrita que se lança & comunica & dialoga com o seu tempo, mesmo que este não mais exista, ele o reinventa nas margens do poema, moroso observador de dias & noites intermináveis: da rua, do outro, do que não se sabe mais imaginar, do que se desconhece; daí resulta seu modo de fazer, muito menos que temas e estilo: leitura, elaboração, cumplicidade ¿ é a palavra transformada em palavra uma outra vez, roída, gasta, mas a ponto de renascer no último instante.