NAS COLINAS DE VALLDEMOSSA COM O FANTASMA DE GEORGE SAND

Uma das características mais notáveis da poesia é sua natureza maleável, dúctil. — e isso em seus diversos níveis, da linguagem à forma, da estrutura ao sentido, da métrica ao tema. Essa flexibilidade se traduz em uma fluidez notável, aproveitada pelos mais diversos poetas ao longo da história e igualmente usual na poesia brasileira contemporânea. Nesse sentido, é preciso destacar as múltiplas formas empregadas por Fernando Naporano, que, em seus livros, transmutou os inúmeros matizes em mitos particulares e labirínticas percepções subjetivas e objetivas. Dando um novo passo nesse sentido, em Nas Colinas de Valldemossa Com o Fantasma de George Sand, Fernando Naporano resgata o tema do amor louco — tão celebrado em poemas como Nadja, de André Breton —, mas restabelecendo tal tema, transformado quase em lugar-comum, em outro patamar. Por um lado, Colinas de Valldemossa busca uma compreensão intuitiva, poética, do amor louco, em uma aventura psíquica que ressalta o aspecto terrivelmente trágico dessa forma de compreensão do amor