"“Dize-me, ó coração humano, o que escolhes de preferência: alegrar-te sempre com este mundo, ou estar sempre com Deus? Aquilo que mais amas é o que preferes e escolhes. Ouve-me, pois, ou para corrigires o teu amor, ou para não adiares a escolha. Se este mundo é belo, qual beleza julgas que haverá onde está o Criador do mundo? Ama, portanto, a fim de escolheres; e ama melhor, a fim de escolheres o que é mais saudável. Ama a Deus, a fim de escolheres estar com Deus, de modo que a tua escolha seja segundo a caridade. Mas, quanto mais amas, tanto mais cedo desejas chegar e te apressas para tomar posse, de modo que corres pela caridade e tomas posse pela caridade. Igualmente, quanto mais amas, tanto mais sofregamente és abraçado, de modo que desfrutas da caridade. Vê como a caridade é tudo para ti: ela é a escolha, ela é a carreira, ela é a chegada, ela é o remanso, ela é a felicidade. Portanto, ama a Deus, escolhe a Deus, corre, toma posse, possui e desfruta”.
Hugo de São Vítor foi certamente um dos homens mais célebres de seu tempo por suas virtudes e por sua ciência, o mais renomado de todos os vitorinos. Nascido na Saxônia em 1096, foi professor e diretor da escola do Mosteiro de São Vítor, além de prior deste mesmo mosteiro e bispo. Baseada na tradição cristã e nas Escrituras, toda a sua pedagogia visava formar os estudantes para alcançarem a contemplação, o último grau da Sabedoria — com a qual “tem-se um antegosto nesta vida do que será a recompensa futura” —, uma formação integral que proporcionasse a união com Deus. "