Depois das revelações brutais de Uma Torre para Cthulhu, o segundo volume da saga O Apocalipse Amarelo mergulha ainda mais fundo no delírio coletivo de um mundo que já acabou — mas ainda insiste em respirar.
Em Os Imundos de Shub-Niggurath, acompanhamos Rafa, marcada pelo trauma de um amor perdido e pela dificuldade de lidar com um presente em ruínas. Ícaro, seu irmão, luta para manter a sanidade e o senso de realidade enquanto os dias se tornam mais fluidos e violentos. Lúcia, criada dentro de um culto religioso, tenta sobreviver entre visões, imposições e o que ainda resta de si. Malaquias tenta manter o grupo unido e proteger as pessoas ao seu redor, mesmo sem compreender totalmente o que está acontecendo — guiado não pela certeza, mas pela necessidade de cuidar. Juca enfrenta o horror à sua maneira — com lógica, lucidez e inteligência — num mundo que parece rejeitar tudo isso. E Kamog, uma presença antiga e inquieta, move-se entre corpos e tempos, sempre à espreita.
Diego Aguiar Vieira arma sua prosa como um dispositivo alquímico que combina o horror cósmico de Lovecraft, a brutalidade de William Burroughs e a paranoia metafísica de Alan Moore com a psicogeografia de um Brasil fragmentado.
Aqui, o apocalipse é sensorial: sente-se na carne, nos ossos, no sangue que escorre das palavras. Um romance que perverte dogmas, transfigura corpos e desafia o tempo. E que, mesmo diante do caos, encontra lirismo nos escombros. Sequência direta de Uma Torre para Cthulhu — obra vencedora do Prêmio Aberst Rubens Lucchetti de Melhor Narrativa Longa de Terror —, este segundo volume da série O Apocalipse Amarelo aprofunda o mergulho no horror cósmico, ampliando seus delírios, suas ruínas e sua poesia brutal.