O CAPITALISMO DEPENDENTE LATINO-AMERICANO

O capitalismo dependente latino-americano, de Vânia Bambirra, forma o segundo volume da Coleção Pátria Grande – Biblioteca do Pensamento Crítico Latino-americano, organizada e editada pelo Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade Federal de Santa Catarina (IELA-UFSC) e pela Editora Insular.

A publicação deste livro situa-se no contexto de sua “descoberta” pelos leitores brasileiros, que aspiram a um conhecimento mais sistemático de suas formulações, e que não se limitam ao enfoque não marxista da mesma.

A primeira parte consiste na apresentação e fundamentação da tipologia da dependência, onde tratamos de diferenciar dois grandes grupos de países no continente.

A segunda parte é dedicada à análise do impacto da integração monopólica nos dois tipos de países latina-americanos.

A terceira busca desvendar as principais contradições que o desenvolvimento do capitalismo dependente promove, assim como seus resultados e as perspectivas que tendem a se esboçar para o futuro da região.

O capitalismo dependente latino-americano é um livro que faltava na formação dos jovens cientistas sociais brasileiros, embora tenha sido sempre obra de consulta obrigatória nos demais países latino-americanos. A leitura atenta mostrará que ainda mantém inegável atualidade, especialmente quando observamos que a sociologia no Brasil revela seus limites acadêmicos intransponíveis diante das novas exigências sociais emanadas da crise global do capitalismo inaugurada no início deste século e dos efeitos que tal crise produz em nosso continente.

Vânia Bambirra elabora com maestria a aguda reflexão sobre dependência e subdesenvolvimento, os efeitos que tal crise produz em nosso continente.

O rigor teórico-analítico aqui desenvolvido mostra o grau de maturidade que as ciências sociais conquistaram no passado recente na América Latina quando ainda não se limitavam à mera reprodução das modas importadas dos países metropolitanos. Também revela a necessária e íntima conexão entre a atuação militante e o rigor analítico da pesquisa sociológica. Neste sentido, este clássico estudo sobre a realidade latino-americana aponta o espaço que a “sociologia de mangas arregaçadas” pode reconquistar diante da “sociologia enlatada” que atualmente é dominante na universidade brasileira.