O LABIRINTO DA DEPENDÊNCIA

Maicon se propõe a pensar as possibilidades da revolução anticapitalista a partir da realidade concreta que vive, o Brasil, dentro de Nuestramérica. Se o objetivo é a transformação revolucionária neste espaço, neste momento, a exigência teórica é pensar criticamente o que constitui este espaço, as particularidades da dependência no Brasil, neste momento, o da crise estrutural do capitalismo contemporâneo. Evidentemente, a atual conjuntura é um desdobramento, conjuntural, com o perdão da redundância, da forma como, estruturalmente, a sociedade brasileira evoluiu desde 1994, ao menos. Não se trata de uma data arbitrária. Nesse ano efetiva-se o Plano Real, o plano de estabilização macroeconômica inserido na implementação da estratégia neoliberal de desenvolvimento, que vem desde a virada dos anos 80 para os anos 90. Liberalização, desregulamentação e abertura de mercados, junto a amplos processos de privatização, deram nova forma (histórica) para a dependência brasileira.
O autor percebe que a dependência modifica sua forma, e não seu conteúdo, em momentos históricos distintos. Requer-se, portanto, um resgate crítico da teoria marxista da dependência. Ao fazê-lo, ele não se esquiva de tomar posição nos intensos debates ocorridos naquela época, nem tampouco de responder às críticas atuais a essa tradição, muitas vezes com o objetivo, velado ou não, de deslegitimar o resgate. O intento de interdição continua! Maicon faz parte dessa jovem militância que assumiu o bom combate, e não apenas teórico.
Marcelo Dias Carcanholo, no Prefácio


O resgate crítico da Teoria Marxista da Dependência (TMD) exige, para além da recuperação das suas contribuições originais, um esforço de análise da atualidade da dependência. Este livro se insere nesse contexto. O velho labirinto da dependência e o novo padrão de reprodução do capital no Brasil reeditam velhas fórmulas e criam novos desafios à superação do capitalismo dependente. (…) De modo geral, o relatório do Banco Mundial aponta o caminho traçado pelo capital no labirinto da dependência do atual padrão de reprodução do capital no Brasil. Caminho este que, como se sabe, apenas nos levará cada vez mais a nos embrenharmos por seus estreitos corredores e becos sem saída. Cabe à classe trabalhadora, mais do que seguir por esses caminhos, romper as paredes do labirinto do capitalismo dependente que segue oprimindo nosso povo.
(Trechos do livro)