Este livro acompanha a trajetória do viajante, médico, sanitarista e gestor público, Belisário Penna, intelectual que atuou nos debates científicos e políticos do Brasil, então fortemente interligados, durante toda a primeira metade do século XX. Suas críticas à falta de intervenção do Estado ante os “males” do país, entre os quais a saúde se destacava, levam-no a defender um projeto de “consciência sanitária” e de centralização de políticas públicas. É, assim, que sua trajetória se cruza com as propostas de modelos autoritários de Estado, que se fortaleciam nas décadas de 1920/30, entre os quais o movimento integralista. Esse percurso – que é o de muitos intelectuais de sua geração – tanto evidencia as condições que favorecem a formação de Estados ditatoriais como nos adverte contra as falácias de suas vantagens e inevitabilidade. — Angela de Castro Gomes, Professora Titular da UFF Pesquisadora Emérita na Unirio, Professora Emérita do Cpdoc/FGV
O leitor tem em mãos um livro que enfrenta com maestria o desafio de analisar um personagem complexo e polêmico: o médico,
sanitarista, político e intérprete do Brasil, Belisário Penna (1868-1939). Baseado em cuidadosa pesquisa arquivística, Leonardo
Dallacqua de Carvalho nos mostra um personagem coerentemente centralizador, nacionalista, autoritário e avesso a negociações, que o impediu em continuar em cargos públicos, seja na Primeira República ou no governo Vargas. Com essas características, Penna liderou a luta pelo saneamento e pela reforma da saúde e forjou uma interpretação original do Brasil a partir dos problemas sanitários nacionais. Foi mais além, criticou e incriminou o federalismo, os governos e as elites políticas pela onipresença das doenças infecto parasitárias nos sertões e propôs a centralização dos serviços sanitários. O livro aborda de modo inédito uma faceta pouco analisada de Penna, sua adesão a o integralismo após se decepcionar com os rumos da chamada “Revolução de 1930”. A partir da trajetória desse personagem inquieto, inconformado, nacionalista, pioneiro e polemista, O saneador do Brasil: saúde pública, política e integralismo na trajetória de Belisário Penna (1868-1939) nos revela o lugar central da saúde e de seus “evangelistas” nas interpretações e nos projetos políticos que emergiram no Brasil Republicano. — Gilberto Hochman, Pesquisador da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz