Como Professor de Economia Política na Faculdade de Direito de Coimbra, sempre incluí nos meus Cursos um capítulo sobre a História da Ciência Económica e do Pensamento Económico. Procurava ajudá-los a identificar e esclarecer as diferenças entre as duas perspectivas sobre a ciência económica (a perspetiva clássica-marxista e a perspetiva subjetivista-marginalista), para que eles pudessem compreender o essencial daquela ciência que alguém já chamou “a rainha das ciências sociais” e para que pudessem compreender o Direito, como produto social e como produto do estado, porque entendo que essa compreensão só é possível se conhecermos e compreendermos a evolução económica das sociedades capitalistas e a história das ideias económicas (elas próprias acompanhando as ideias filosóficas de cada época). Entendo que “a economia contemporânea tem mais necessidade de filósofos do que de econometristas” e sempre procurei transmitir em palavras simples e entendíveis os conceitos fundamentais da Economia, convencido de que a ciência económica não é uma ciência esotérica e de que é imperioso desmascarar aqueles que teimam em a apresentar como um conjunto de sofisticados e elegantes modelos matemáticos. Todos sabemos que, “no homem, aquilo que não se mede é mais importante do que aquilo que se mede”, e aquilo que não se mede não cabe em nenhuma equação, pelo que os problemas dos homens de carne e osso não podem resolver-se com base em quaisquer sistemas, mais ou menos complicados, de funções algébricas. Anima-me a esperança de que o texto que agora vem a público, visando um público mais vasto, possa ajudar a compreender melhor o significado e a importância de Marx e do marxismo, num tempo em que tanto Marx como o marxismo vão ganhando todos os dias maior atualidade. Com efeito, a história do mundo capitalista nas últimas quatro décadas tem tornado muito claro que as classes sociais existem; que elas se organizam cada vez mais em duas classes: a classe capitalista e a classe trabalhad