OS PRIMEIROS PENSAMENTOS DE SÁNDOR FERENCZI

Sándor Ferenczi foi um psicanalista, que, acima de tudo, opôsse ao princípio de neutralidade, a ideia de que o analista deveria se distanciar emocionalmente de seus pacientes. Seja por meio da obstinada técnica ativa, da análise mútua, seja da clínica do sentir com, o autor húngaro sempre acreditou que o caminho para uma análise percorre a estrada dos afetos. Quando se deparam com os ensinamentos ortodoxos sobre a psicanálise, é comum que aqueles clínicos que são mais obstinados, e se ligam de alguma forma afetuosa àqueles que se colocam sob seus cuidados, sintam-se de alguma forma errados, como se estivessem traindo o método. Como se o importar-se genuinamente com o paciente fosse um mero sintoma contratransferencial a ser combatido. Ao ler Ferenczi, muitos desses são invadidos tanto pela autorização de sua prática, quanto pela esperança de uma prática que pode ir mais além. Nesse sentido, este livro traz para o leitor da obra ferencziana tanto um conhecimento mais profundo sobre o autor, quanto um autoconhecimento projetivo. Embora como o subtítulo declare, textos pré-psicanalíticos, este pequeno compilado traga textos que nem sempre se enquadram totalmente no vocabulário psicanalítico, a obra é de inestimável valor para a psicanálise; afinal, conforme a antiga expressão latina, nada surge do nada — Ex nihilo nihil fit —, é fundamental conhecermos a base das ideias e do interesse do autor sobre as questões que se desdobraram no saber psicanalítico que é tão caro aos ferenczianos.