"Nascida em Buenos Aires no ano de 1935, a poeta Susana Thénon foi contemporânea de Alejandra Pizarnik e Juana Bignozzi, e publicou cinco livros de poemas, sendo esta Ova completa (1987) o último e o mais diferente de todos. Nos seus primeiros livros, predominou a voz lírica da Thénon leitora e tradutora de Rilke. Neste último, por outro lado, nota-se a presença de uma poética cheia de subversão em relação ao cânone literário, ao machismo, à autoridade, e aos elementos que constituem certa noção de argentinidade – nos seus poemas estão embutidas paródias de famosos tangos argentinos. Quando cursava Letras na Universidade de Buenos Aires, Susana se divertia traduzindo tangos ao latim, adiantando a irreverência da sua poesia, que não hesita em aproximar cultura erudita e popular. É Strauss que vira, em seu jogo de palavras e non sense, o neologismo “estrusse”, passando antes por estresse e strass. É a Valsa lírica e dançante – precisa-se de dois para dançar? e quais dois? – que se transforma em uma crítica ao patriarcado. (...)