PAU-BRASIL

Em Pau-Brasil, Rodrigo Rosa retoma e atualiza a escola da poesia modernista nacionalista do manifesto lançado por Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral em 1924, agora não buscando a criação de produção literária de exportação, mas voltando seu olhar ao Brasil e sua identidade como povo. Sua crítica busca refletir justamente sobre essa mentalidade mercantilista que permeia a cultura e a economia, transformando nossa natureza em produto. Para o autor, a razão de ser do país é o próprio Brasil e seu povo. Não há de se ver seus “recursos naturais” como trampolim para o desenvolvimento, mas reconhecer nossos ecossistemas como a casa de um povo. Parafraseando Pero Vaz de Caminha, a missão da poesia nacional é “salvar essa gente” das garras do colonialismo. Ao mesmo tempo, não deixa de dialogar com temas universais, como a busca pela vida interior em uma sociedade consumista marcada pelo abandono da introspecção. Nas palavras de Adélia Prado, a poesia possui um papel humanizador de resgate da vida simbólica para além da rotina. Tal tarefa é bem colocada por Cora Coralina: fazer da vida mesquinha um poema.