PEDRAS PORTUGUESAS

Jardim de pedra, sim. E jardim zen, jardim gráfico, jardim-dança, jardim--bossa. O ensaio que Bruno Veiga realizou para este livro parte de uma longa pesquisa que já dura anos e oferece aos nossos olhos a visão pouco comum da obra de Burle Marx. As calçadas e canteiros da orla de Copacabana observados de cima, como se fôssemos gaivotas privilegiadas saídas do mar para o que está depois da areia. Sobrevoamos o grafismo feito majoritariamente em preto e branco, com alguns canteiros-coágulos em um vermelho terroso, que invade com seu calor a gangorra de opostos entre os outros dois tons.
Bruno Veiga é herdeiro desta tradição gráfico-documental. Começou sua vida profissional no fotojornalismo e aprendeu a fotografar com olho de repórter, capturando a cidade em seus instantâneos de realidade, que forneceriam o flagra ou o melhor ângulo para a notícia. Mas também se especializou em procurar a beleza e os melhores enquadramentos para este material quente, buscando uma crônica mais enviesada e mais profunda daquilo que está à sua volta.