Hoje, sei que fazer poemas exige, antes de tudo, disposição para aprender a caminhar; depois, mais disposição para caminhar e caminhar, sem direito a cansaços. Também sei que o primeiro livro de poemas de alguém é sempre um convite ao risco para qualquer leitor: podemos levitar com o poeta e chegar ao céu, ou deixá-lo sozinho a segurar balões de gás na estrada. Sem julgamentos. Poesia é questão de identificação. Sei, ainda, que versos como “Uso luvas para não usar saudades” (“Foco de luz”); “Se calo é porque palavra nenhuma saberia traduzir minha fome” (“Vai”); “No interior do amor mora infernos/ e em toda blasfêmia há um amém” (“Rua”); “Aprecio o jeito de não ser de quem carrega certezas/ como malas de viagem prontas para o roubo” (“Aprecio”); deste “Pele Suja de Poema”, de Paola Bonow, me fizeram sair do chão; levando alguns balões comigo. E poemas como “Crime” e “Tangentes” são de tontear os pés na terra. Por fim, sei que Paola está convidando você a dar com ela os primeiros passos no caminho, ora encantado, ora real, do mundo da poesia. Aceite. Você não vai se arrepender. Sua poética vai chegar – e levar os que tiverem coragem de acatar esse chamado – bem longe. Lá, onde balões de gás, com pele suja de poemas e silêncios, viram estrelas. Texto da apresentação da orelha de Jacinto Fabio Corrêa, poeta. Paola Bonow, carioca, economista, psicóloga, tem interesse em psicanálise, literatura e cinema. Participou da antologia ficção & poesia: Oficina Literária Ivan Proença, 25 anos da antologia Poesia Ativa, Prêmio Absurtos (2022) e da Seleção Poesia Brasileira, Poetize (2024).