Fala-se muito de identidade, mas há sempre a tentação de valorizar o que é próprio, em vez de cultivar a ligação com o outro. Identidade e diferença são faces da mesma moeda, são como as duas caras de Jano. A cultura portuguesa é um cadinho de múltiplas influências e de muitas qualidades e defeitos, como na vida. Daí haver nestes ensaios uma reflexão sobre os portugueses, tendo como pano de fundo a História e a Geografia que se encontram na gente, nos lugares, na língua e no desejo de descobrire de peregrinar. Não há, assim, conceitos, nem explicações globais e muito menos receitas de aplicação instantânea. Há pistas de reflexão para que memória e vida, pertença e respeito mútuo se liguem. Seremos o que quisermos ser, nas condições concretas que nos forem dadas ou que criarmos. E temos de compreender que a cultura só se enriquece se for aberta e cosmopolita, se for ponto de encontro e encruzilhada, a partir das várias culturas da língua portuguesa, mas também lugar de intercâmbio e exigência que envolva a cooperação além fronteiras e um diálogo activo com a educação e a ciência, tendo como referência o que de melhor se faz no mundo.