Este estudo trata da arquitectura dos recintos megalíticos e menires associados, na parte ocidental do Alentejo Central. Com base nos dados arqueológicos disponíveis, é analisada a organização espacial dos monumentos e o modo em que aqueles se relacionam com a paisagem e o tempo cíclico, estabelecendo ligações visuais com elementos distintivos do relevo e alinhamentos para o nascente ou poente do Sol e da Lua, em momentos conspícuos dos respectivos ciclos. As evidências sugerem uma ideologia, expressa na arquitectura megalítica, que relaciona o espaço e o tempo de forma característica, com semelhanças, em diversos aspectos, com o que se verifica em outros monumentos pré-históricos da Europa atlântica. Tendo em conta os estudos recentes que propõem uma cronologia do Neolítico antigo/médio para os recintos megalíticos e a maior parte dos menires de Évora, Montemor-o-Novo, Mora e Reguengos de Monsaraz, estes dados são considerados no contexto mais vasto da transição entre o Mesolítico e o Neolítico, no centro e sul de Portugal, como manifestações de um processo que, supostamente, terá implicado transformações no simbolismo e nos preceitos de organização espacial das comunidades que o viveram. Na transição do século, apesar do crescente e por vezes avassalador interesse turístico gerado pelos Almendres, degradando as acessibilidades e ameaçando a própria salvaguarda do sítio arqueológico, a acção pública de conservação estava praticamente reduzida a zero, sujeita à lógica de fazer depender a sua “futura” valorização, dos grandes investimentos turísticos privados anunciados para a Herdade mas, felizmente, nunca concretizados. Contrastando com a ausência de intervenção pública, o interesse científico pelo megalitismo alentejano e pelos menires em particular, não esmoreceu entre os antropólogos. Neste domínio, (…), destacou-se o GEMA (Grupo de Estudo do Megalitismo Alentejano) dinamizado, entre outros, por Manuel Calado (responsável pela identificação e estudo do Cromelequ