REFLEXÃO CRÍTICO-FILOSÓFICA SOBRE O CONCEITO DE DIFERENÇA NA BNCC

Citar a diferença, ou o direito à diferença, em debates educacionais e curriculares parece ser um tanto comum nos dias atuais, mas é fato que a discussão ainda apresenta muitos pontos a serem considerados, basta um rápido olhar para outras questões associadas, como o bullying e as variadas formas de preconceito ainda presentes em nossa sociedade. A questão central deste livro é: “qual o sentido e o significado do conceito de diferença na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)?”. Dentro de uma abordagem crítico-filosófica, traça um debate sobre o conceito de diferença presente nos fundamentos pedagógicos desse documento. Para tanto, parte de um diagnóstico da realidade, considerando o pressuposto de que a diferença é um conceito forjado dentro dos movimentos intelectuais do século XX como uma resposta à crise da razão que se instalou na chamada pós-modernidade. A partir das lentes da Teoria Crítica da Escola de Frankfurt, contando principalmente com as ideias de Theodor Adorno, Max Horkheimer, Sergio Paulo Rouanet e outros intelectuais, analisa a escola e seu currículo como elementos estratégicos de uma racionalidade instrumental, própria da modernidade e da sociedade administrada, que se por um lado levou a humanidade a um desenvolvimento científico e tecnológico nunca antes observado, por outro produziu uma espécie de regressão primitiva da subjetividade humana e produziu o contexto de barbárie comum aos nossos olhos na atualidade. Também levanta os temas, avanços e contradições em torno da recepção do conceito de diferença pelos movimentos sociais nacionais de grupos discriminados. Tais movimentos ganharam força política nos últimos 30 anos, argumentando contra uma visão universal de homem, de ciência e de moral, conseguindo fazer valer suas vozes dissonantes nos documentos curriculares oficiais. Assim, o livro Reflexão crítico-filosófica sobre o conceito de diferença na BNCC debruça-se sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), instituída no Brasil, em 2017, em um contexto de avanço do conservadorismo neoliberal, analisando como esse documento, que hoje norteia obrigatoriamente todos os currículos do país, abordou o conceito de diferença e os movimentos que dele se apropriaram nas últimas décadas.