Foi naquela época que participei da operação de sustentação militar da posse do Presidente eleito Juscelino Kubstischek. O episódio vale a pena ser relatado.O ambiente político era de extrema tensão. Juscelino ganhara as eleições por razoável maioria, mas não existia ainda o segundo turno e a campanha dos perdedores udenistas, capitaneada por Carlos Lacerda, era feroz, sob o mantra: as eleições são legais, mas não são legítimas - com as consequências lógicas de que o candidato eleito não deveria tomar posse.O toque de corneta anunciou a alvorada por volta de 3,30 horas da madrugada e lá pelas 5,00 horas, ainda escuro, foi servido não um café da manhã, mas um almoço reforçado - tendo em vista o longo período em que ficaríamos sem alimentação, longe do quartel.O detalhe mais importante, e que transmite bem a tensão político militar da conjuntura, foi o fato de que - pela única vez nos meus dois anos de serviço militar foram distribuídos à tropa, em deslocamento externo ao quartel, farto suprimento de munição real (isto é: não de festim): nós os soldados recebemos cada um 30 cartuchos para o fuzil tcheco de 7mm (regulamentar à época, antes da adoção do FAL) e os sargentos o correspondente para suas submetralhadoras INA .45.O 3° R.I. Entrou em forma na Glória, à altura da então Embaixada (hoje Consulado) americana e só pelas 11 horas despontou o Rolls - Royce presidencial, conduzindo JK ao Congresso Nacional para o juramento de praxe - provocando, no seu regresso, já como Presidente empossado, o ansiosamente esperado toque de corneta: 'Apresentar Armas!.