O trabalho que o leitor verá a seguir tem por base a dissertação de mestrado da autora, apresentada ao Programa de Pós- Graduação em História Social PPGHIS da UFRJ, e tem por objetivo, após longo trabalho de revisão conteudística e atualização historiográfica, analisar as relações socioculturais entre judeus e cristãos na Península IbErica Medieval, entre os séculos V e VII d.C. Para esta temática, ineditamente, propõe-se estabelecer diálogos entre cotidiano, cultura e sociedade.
Em se tratando da produção historigráfica, são conhecidas algumas obras dedicadas à abordagem das relações entre Judaísmo e Cristianismo na Península Ibérica Medieval. Entretanto o mesmo não se pode afirmar em relação à literatura polêmica judaicocristã, e ao surgimento do converso e do judaizante (cristão ou judeu batizado) , enquanto importantes componentes sociais na Alta Idade Média.
Ainda que se reconheça hoje, a relevância da diversidade para o estudo do componente hispano-visigodo, os medievalistas ainda não declararam total autonomia em relação ao escopo institucional-jurídico-eclesiástico, que sempre vigorou nos debates historiográficos sobre a Península Ibérica Visigoda. A mesma falta de originalidade temático-interpretativa pode ser percebida em maior gravidade nos trabalhos sobre os judeus deste período.
Eixo importante de nossa reflexão, a Península Ibérica, entre os séculos V e VII, apresenta peculiaridades nos perfis relacionais judaicocristãos, quando comparada às demais regiões mediterrâneas. E importante considerar que no mundo ibérico medieval por diversas vezes, comunidades sociorreligiosas inteiras - judaicas, heréticas ou pagãs -, foram forçadas a se converterem ao Cristianismo de natureza nicena. Portanto, as reverberações sociais e políticas de uma produção literária de natureza polêmica - adversus iudaeos
(Contra Judeus) - sobre tal parcela do mundo mediterrâneo alcançam forte notoriedade e amplo espectro institucionais, aplicáveis aos universos episcopal, monás