RESISTENCIA FEMININA E FEMINISMO AFRICANO EM WITHOUT A NAME DE YVONNE VERA

Nessa obra, a autora negocia sentidos com um contexto e condição humana diferentes dos seus. O resultado é uma belíssima teia de conexões entre o conhecido e o diferente entretecida a partir de seu lugar social de pesquisadora brasileira e branca. É um empreendimento intelectual para que a literatura africana seja trazida para o centro dos estudos literários brasileiros realizados na academia, que por tempo demais se voltou predominantemente para o cânone ocidental. Num momento em que a democracia no Brasil encontra-se severamente golpeada e em que há ameaças em relação à existência e autonomia das universidades públicas e gratuitas, ensaios como o de Silva Laverde tornam-se um grito de resistência. Apenas uma concepção democrática e plural de ensino superior é capaz de produzir estudos como o que aqui se apresenta. O conhecimento construído na academia só será realmente válido se combater as acentuadas desigualdades de nosso país e do mundo, se desmascarar preconceitos, se fomentar o respeito ao diferente. E esses são exatamente os princípios que fundamentam as páginas que compõem este tão necessário livro.