REVISTA CULT - 320

Na ausência de uma inteligibilidade possível, a psicanálise clássica interpretou o desejo lésbico como uma sexualidade imatura, histérica, remetida à masculinidade ou traduzida em cumplicidade fraterna, amizade intensa e identificação maternal. Além de evidenciar a vulnerabilidade de tal perspectiva, o dossiê de agosto da Cult, organizado por Joana Penteado, se propõe a compreender os corpos lésbicos a partir de outros ângulos, que visem a discussões sobre raça, classe, corporeidades, sexualidade, gênero e outros temas concernentes à psicanálise e à sociedade.

Afinal, o que funda a palavra lésbica? O amor entre mulheres? A categoria mulher? Os corpos lésbicos propõem um outro ângulo para as discussões sobre raça, classe, corporeidades, sexualidade, gênero e outros temas que concernem à psicanálise e à sociedade. Trata-se de ir além das críticas à noção de família ordenada a partir do regime binário da diferença sexual e ao par homem-mulher em sua cisgeneridade como base da organização social, para apostar na invenção de parâmetros e articulações conceituais que torçam o referente que precipita conclusões e se fecha em universais.

E mais: Autor de biografias e de livros-reportagens de sucesso sobre o “saudoso” século 20, o jornalista Ruy Castro fala em entrevista à Cult de seu método de trabalho.

A seção de livros desta edição traz resenhas dos livros Corsária, de Marilene Felinto; De-estar, entrestrelas, de Age de Carvalho; Só um pouco aqui, de María Ospina Pizano; Despaixão, de Paula Lopes Ferreira; Contos dos sábios crioulos, de Patrick Chamoiseau; O caldeirão da Velha Chica e outras histórias brasileiras, de Alexandre Staut; As filhas de Safo, de Selby Wynn Schwartz; Manhã e noite, de Jon Fosse; e The Gurkha and the Lord of Tuesday, de Saad Z. Hossain.