REVISTA PERNAMBUCO - ANO 1 - Nº 7

Esta edição é principalmente em torno do centenário de nascimento de Osman Lins. Escritor para escritores cuja fortuna crítica nos meios universitários cresce a cada ano.
O reconhecimento do seu talento deu-se desde a divulgação dos seus primeiros trabalhos. Mauro Mota escreveu no Diario de Pernambuco, em 14 de maio de 1950:
“Parece que a nova geração atribui-se a tarefa de eliminar uma das nossas fraquezas literárias mais frequentemente mencionadas: a fraqueza pernambucana de sermos um povo quase sem romancistas. É pelo menos essa a impressão que deixa a leitura em original de Noite profunda que será a estreia em livro de Osman Lins”.
Mauro Mota também traçava características de temperamento e estilo do novo autor:
“Osman Lins é de Vitória de Santo Antão. Pessoalmente é macambúzio e arredio a qualquer forma antinatural da penetração na literatura. Nada de pular muros ou de passar por debaixo do pano. (...) Osman Lins surpreende pela classe e pelos dramas das criaturas de seu mundo, todas elas profundamente humanas nas suas ânsias e desesperos. Não tem uma técnica preconcebida ou tabelioa de relatório. Sua linguagem é limpa e comunicante, em tudo coincidente com a procurada dignidade estilística.”
Osman Lins publicou não apenas contos, também poemas e artigos de crítica literária. Nunca prescindiu desta última, apesar de estar convencido de que “a ausência de crítica no Brasil talvez nasça disto: toda vez que se fala mal de um livro arranja-se um inimigo”.
Nos anos 1950, o talento como contista projetou-o além dos limites de Pernambuco, com o terceiro lugar no concurso do Jornal de Letras, no Rio de Janeiro. O conto tinha como título “O eco”.
A primeira consagração como romancista veio com a conquista do Prêmio Fábio Prado 1953, em São Paulo. Outras vitórias naquela década deixam claro que suas estreias foram multiplamente premiadas. Ultrapassados mais de 70 anos, vale a pena fazer um balanço de sua trajetória, com a publicação do dossiê mensal da Pernambuco.