REVISTA PERNAMBUCO - ANO 2 - Nº 16

No ano de 1925 foram publicados livros importantes de Virginia Woolf, Marcel Proust, Sinclair Lewis, John dos Passos, Aldous Huxley, James Joyce, Gertrude Stein, W. Somerset Maugham, T. S. Eliot, D. H. Lawrence, James Joyce e de diversos outros grandes autores modernos. Mas, no âmbito da literatura, dois livros se sobressaem: O processo, de Franz Kafka, e O grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald. Duas obras tão diferentes quanto a realidade de suas culturas e seus autores. Nesta edição, há as análises contemporâneas de Paulo Scott de O processo, e de Sidney Rocha de O grande Gatsby.

Num excelente ensaio, chamado modestamente de “Notas”, George Steiner aponta os três motivos pelos quais “a ideia de que se possa dizer algo novo sobre O processo de Kafka não é plausível”. Também explica por que esse livro é mais do que simplesmente um clássico. Quanto ao Gatsby, Harold Bloom afirmou:

“O grande Gatsby tem poucos rivais como o grande romance americano do século XX. Sem dúvida seriam incluídas as obras de Faulkner, Hemingway, Cather e Dreiser. A modelação formal é uma das muitas virtudes estéticas da obra-prima de F. Scott Fitzgerald: O estilo, a caracterização e o enredo são todos soberbamente equilibrados para alcançar um fim altamente unificado. Relendo o livro, mais uma vez, a minha reação inicial e primordial é o prazer renovado; como se a frescura de O grande Gatsby nunca se desvanecesse”.

A perenidade dessas obras deve-se não apenas à qualidade literária delas, mas ao fato de que, transcorrido um século, as paixões humanas continuam a ser tão febris e ordinárias quanto sempre. Perito em criar situações intoleráveis, como diria Carpeaux, anteviu Kafka, em obras como O processo, aspectos sombrios da consciência e da vida em sociedade que se adensam a cada ano. Por sua vez, o materialismo que envenena a sociedade estadunidense não teve, até hoje, melhor análise do que as narrações de Fitzgerald.